A escritora Alessandra Rech apresenta aos leitores a obra “Extradição. A poética dos Deslocamentos”.

O sexto título da autora é definido por ela como uma autoficção, já que busca em suas vivências a inspiração da narrativa. Alessandra Rech, que também atua como professora nos cursos de Comunicação e no Programa de Pós-Graduação em Letras e Cultura da UCS,  explica que a narrativa não acontece de modo linear, mas sim de maneira livre, podendo até mesmo introduzir partes ambíguas ao leitor.

A obra, “Extradição. A poética dos Deslocamentos”, lançada no dia 8 de junho, conta a jornada intimista de uma protagonista feminina, cujo nome em nenhum momento é revelado. Nesse desenrolar, a trama envolve a relação com o outro. A autora visita os caminhos do afeto: os encontros e desencontros, as expectativas, vivências e impressões, essas que apesar de algum momento andarem juntas, ainda são frutos de caminhos individuais. “Por mais equivocadas que sejam certas experiências de encontros com o outro, elas são necessárias na formação do que somos e, esteticamente, ainda podem ser belas em sua tragédia”, destaca.

Nesse processo de resgate no próprio consciente, Alessandra Rech fala a respeito da descoberta de novas perspectivas sobre si mesma. “Certamente, o livro é um processo de revisão e autodescoberta para mim, e creio que este é o papel das artes em geral, uma expressão da busca de sentido, uma possibilidade de elaboração. O bacana é quando esse processo de um indivíduo pode vir a iluminar o processo de outros que estão na mesma busca”, ressalta.

E essa busca de sentido é abordada na obra por meio dos deslocamentos e relacionamentos. A professora explica que o livro tem início com uma viagem – do Sertão ao Pampa – apresentando, portanto, um deslocamento geográfico, em que pesam os contrastes, as distâncias e as dificuldades que se impõem naquele relacionamento. O termo Extradição, do título, faz jus a essa sensação de deslocamento após o término, quando a pessoa perde seus referenciais e precisa reencontrá-los para seguir. Essa viagem física é também metafórica do encontro com o outro. A narrativa prossegue com deslocamentos temporais e de gênero, até o processo de amadurecimento da protagonista, que começa a se delinear mais pro fim dos textos. Tudo isso é acompanhado das imagens de ensaio de Pepe Pessoa, narrativa autoral do artista, que dialoga de modo fabuloso com os escritos.

O ensaio fotográfico que cria a identidade visual da obra, inclusive sua capa, assinada por Ernani Carraro, foi dirigido por Pepe Pessoa e teve Antonio Valiente como fotógrafo. Alessandra Rech aparece no centro das fotografias em um casarão centenário no interior de Caxias do Sul, em Loreto. A esfera criada transmite o revisitar de memórias apresentando-se na estética do desamparo.

Por fim, Alessandra Rech, que foi patrona da Feira do Livro de 2021, revela o que espera provocar no leitor de sua nova obra. “Espero que o leitor possa se identificar, saborear a linguagem e refletir sobre os próprios deslocamentos, a superação de suas fragilidades e, quiçá, a importância inestimável do outro em nossas vidas. A solitude é importante, mas a experiência relacional de existir – ainda que haja desencontros e dissoluções – é fundamental”, enfatiza a escritora.

O livro tem financiamento da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Caxias do Sul, com apoio cultural de Caminho de Saber, Metadados e Servicarga.   A obra está à venda por R$ 40,00 na Livraria Arco da Velha e 40% da renda será revertida às ações socioeducativas do Serviço de Convivência CAE Ampliando Horizontes. A instituição dá apoio a crianças e adolescentes da comunidade Euzébio Beltrão de Queiroz e proximidades. 

Sobre a autora

Natural de Caxias do Sul (RS), Alessandra Rech é jornalista e doutora em Letras – Literatura Brasileira pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e especialista em Epistemologias do Sul pela Clacso, de Buenos Aires. É professora dos cursos de Comunicação e do Programa de Pós-Graduação em Letras e Cultura da Universidade de Caxias do Sul (UCS). Tem dois livros de crônicas publicados: “Aguadeiro” (2007) e “Mirabilia” (2014) – este agraciado com o Prêmio Vivita Cartier de Literatura em 2015. É autora, ainda, dos infantis “O sumiço do canário: Quando os finais precisam ser inventados” (2012) e “A insônia dos sabiás” (2018), além do ensaio “Na Entrada-das-Águas: Amor e liberdade em Guimarães Rosa” (2010).

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