Segunda noite da Semana Acadêmica da Comunicação destaca a importância da atualização sem perder o olhar humano e profissional do fotógrafo

O bate-papo entre o convidado Jefferson Botega e o mediador professor Gustavo Pozza aconteceu nesta terça-feira (10) de forma remota, no canal da UCS no Youtube, com o tema “Os novos ares da fotografia e cinematografia”.

Jefferson Botega é egresso da primeira turma do curso de Fotografia da Universidade de Caxias do Sul, onde também cursou Artes Plásticas em 2002. Ele começou a fotografar em 1987, com apenas 14 anos, quando trabalhou como assistente fotográfico com sua tia. Também integrou a equipe do Jornal Pioneiro, e, atualmente, é fotojornalista e editor de imagem na RBS/ZH. Ele está no Grupo RBS desde 1996. 

Na conversa com os alunos, Botega relatou como é entusiasta das novas tecnologias e como elas mudaram os rumos da fotografia. O fotógrafo conta que sempre se esforçou para estar perto das tecnologias de vanguarda de sua área, mas deixa claro que, independentemente delas, o olhar humano e profissional do fotógrafo ainda é imprescindível para a produção de imagens de qualidade para a comunicação.

O palestrante também deixou claro a necessidade do trabalho em equipe e da inquietação para a produção de formas de comunicação criativas. Ele, juntamente com a equipe do Pioneiro, foi um dos primeiros do Brasil a utilizar a câmera 360°. “A gente fez antes de muita gente, foi num jogo do Caxias que a gente fez, nunca vou esquecer, foi incrível porque deu um trabalhão enorme, a gente não sabia se daria certo ou não daria certo, e daí eu nunca mais parei, nunca mais parei de inventar formas de comunicar, não mais apenas aquela foto sintética”, ressalta.

Para Botega, a sensação de inovar e ver seu trabalho se concretizando de diferentes formas se assemelha às sensações do início da carreira, quando tirou suas primeiras fotos. Porém, sem nunca esquecer que o olhar fotográfico e a sensibilidade sempre serão importantes para os profissionais de comunicação audiovisual. Ele enfatiza que as tecnologias devem servir apenas como ferramentas para se comunicar. E mostra a relevância dessa afirmação na premiada reportagem “O filho da Rua”, produzida em conjunto com a jornalista Letícia Duarte. Nela não era possível fazer imagens do rosto do principal personagem, menor de idade, desta forma o fotojornalista utilizou técnicas de sombra e textura para que as melhores imagens possíveis fossem produzidas.

Imagem reportagem “Filho da Rua” jornal Zero Hora
Foto: Jefferson Botega

Jefferson também mostra essa sensibilidade em outros trabalhos como nas imagens registradas no julgamento da boate Kiss e em coberturas que aconteceram durante a pandemia.

Foto registrada durante o julgamento da boate Kiss
Foto: Jefferson Botega

Atualmente, a tecnologia em foco utilizada pelo palestrante é o drone FPV (visão de primeira pessoa). O drone permite gravar as imagens com o ponto de vista do equipamento utilizando óculos especiais. “Com essa tecnologia aliada ao olhar fotográfico e a criatividade é possível fazer imagens inovadoras e de pontos de vista nunca antes vistos”, destaca o fotojornalista. A experiência pode ser conferida no seu trabalho “Promessas Olímpicas”.

Para Botega, é importante que o profissional sempre fique atento às novas tendências da comunicação e trabalhe de acordo com elas, mas sem se limitar, buscando sempre a inovação e de forma inquieta. Segundo ele, mesmo que a tendência atual seja cada vez mais voltada a trabalhos mais simples, com menor produção, focados principalmente em redes sociais, é possível sim fazer projetos bem elaborados. Jefferson cita o fotolivro  “Os olhos do Pampa”, de Tadeu Vilani, e afirma que para isso é importante o planejamento prévio do fotógrafo, para se enquadrar nas leis de incentivo à cultura, por exemplo. 

Imagem feita com drone do céu de Porto Alegre
Foto: Jefferson Botega

Mesmo com limitações em relação à produção de conteúdo ou de equipamentos, a criatividade pode e deve servir como a solução desses problemas. Para Jefferson a inquietação de sempre fazer o diferente é fundamental, como em seu vídeo sobre a Copa do Mundo de 2014, quando não era permitido fazer gravações, apenas fotografias.

Foto: Jefferson Botega

E não por acaso, Jefferson Botega tem seu trabalho publicado nas principais revistas e jornais do país e em algumas agências internacionais, além dos livros “O melhor do Fotojornalismo Brasileiro” e “Felipão a Alma do Penta”. A trajetória do fotojornalista também é repleta de reconhecimento, com os prêmios Vladimir Herzog de Fotografia 2013, Petrobrás de Fotografia 2013, Direitos Humanos de Fotografia 2012 e 1999, Esso de Reportagem 2012, Vladimir Herzog de Reportagem 2012, Embratel de Reportagem 2012, Prêmio de Fotografia da Revista PHOTO francesa em 2004, SOS Mata Atlântica 2002, Prêmio RBS de Jornalismo 2007, 2008, 2010 e 2012 e Embratel de Fotografia 2013. Para assistir ao bate-papo e ver todos os trabalhos citados aqui, assista a palestra na íntegra.

Para assistir ao bate-papo e ver todos os trabalhos citados aqui, assista a palestra na íntegra.

E não perca hoje, a partir das 19h40, a terceira noite da Semana Acadêmica da Comunicação. Dessa vez com Ruana Godoy, relações públicas e influenciadora; e Carla Jorge, relações públicas especialista em Marketing de Influência, falando sobre como as mudanças da comunicação digital impactam o gerenciamento de imagem e crises. Acompanhe ao vivo:

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