Além da criação, IA colabora com análise de mercado e público-alvo, explica publicitário

por Maiara Bachi*

Linha do tempo por Leonardo Lob

Todos sabemos que a inteligência artificial vem sendo muito usada principalmente no mercado de trabalho, onde ela vem facilitando o dia a dia das pessoas e auxiliando em todos os tipos de tarefas. Diante deste fato, surge a dúvida  se realmente é possível conciliar a inteligência artificial (IA) e a criatividade humana.

Por um lado, há quem acredite que as máquinas serão capazes de substituir facilmente os humanos. Porém, na prática, as ferramentas de IA parecem não ser capazes, ao menos por enquanto, de substituir o fator criativo. Além disso, elas ainda apresentam falhas e alguns problemas de operação.

Lucas Taufer, pesquisador na Universidade da Pennsylvania e doutorando em Filosofia na Universidade de Caxias do Sul (UCS), enfatiza que  inteligência artificial é uma criação humana e, por este motivo, depende de atualizações e de novas ideias que apenas a criatividade do homem pode trazer.  Mesmo sendo extremamente avançada e ajudando em vários aspectos, as ferramentas de IA ainda dependem muito da criatividade humana para sua evolução, garante Taufer.

“A relação entre a criatividade humana e a IA é intrínseca. Estas ferramentas necessariamente dependem da inteligência e da criatividade humana para existir. Existe aquilo que chamamos de inteligência artificial de aprendizado profundo e generativo que vai operar por conta própria. Mas, o ponto de partida, é a criação humana. É essa criação que vai propiciar o desenvolvimento de outros tipos de IA, que vão corrigir, aperfeiçoar, otimizar e torná-la boa para o seu uso, justa ou injusta . Tudo isso está ligado com a criatividade humana. Então, isso é algo intrinsecamente conectado”, acrescenta Taufer.

Atualmente, alguns profissionais entendem que as ferramentas criadas a partir da tecnologia atuam como uma aliada. Ou seja, serão mais um ponto de apoio para trabalhadores em suas atividades mecânicas e burocráticas, deixando-os livres para explorar sua criatividade.

Para Dirson Vinícius Arndt, publicitário e diretor da Tamborim Filmes, a Inteligência Artificial tem colaborado com a publicidade. “Quando estou trabalhando em uma campanha, posso usar a IA para analisar dados de mercado e o comportamento do público-alvo. Isso me ajuda a entender melhor o que está funcionando e o que não está, o que, por sua vez, inspira novas ideias criativas. Além disso, a IA também pode ser uma mão amiga na geração de imagens para layouts. Existem ferramentas que usam IA para criar imagens personalizadas com base em briefings específicos”, exemplifica Arndt.

Porém, a partir do momento que, para a criação de algo, dependemos demais da IA e seguir cegamente suas sugestões, corremos o risco de criar conteúdo genérico. Um exemplo disso é quando usamos um software de geração de texto automático para criar conteúdo. Os resultados podem ser funcionais, mas frequentemente carecem da autenticidade e do toque humano que tornam a publicidade realmente eficaz. O mesmo se aplica ao retoque de imagens. A IA pode ser usada para aprimorar imagens, removendo imperfeições ou ajustando cores, mas é importante usar o discernimento humano para garantir que a imagem final transmita a mensagem desejada e mantenha a autenticidade da marca.

A criatividade é uma importante aliada da inovação. É ela quem estimula uma pessoa a pensar em algo original e que fuja do comum. Com a chegada da inteligência artificial, muitas pessoas acabam deixando de lado revisões pessoais em seus trabalhos. Segundo Arndt, a IA é uma ferramenta poderosa, mas como qualquer ferramenta, seu valor depende de como é usada. “Toda IA é limitada pelos dados de treinamento e pelos algoritmos. Se usada incorretamente, a ferramenta pode gerar resultados imprecisos ou tendenciosos.” 

Uso crítico é fundamental para quem recorre diariamente à inteligência artificial, lembra o publicitário. “Minha mensagem para quem a utiliza é ser crítico e consciente. Use-a como uma fonte de inspiração e complemento às suas habilidades criativas, mas nunca perca de vista a importância da originalidade e da autenticidade em suas campanhas e imagens”, recomenda Arndt.

*Material produzido na disciplina de Oficina de Webjornalismo do curso de Jornalismo da Universidade de Caxias do Sul. Professora Paula Sperb. 2023/4.

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