Nos 30 anos do curso de Jornalismo da UCS, Simoni Schiavo, diretora da Afrodite, avalia a evolução do mercado e a pluralidade obtida pelo seu veículo

Por: Andrielly Martins da Slva, Henrique da Fonseca, Gabriel dos Santos Pereira e Matheus Bonella Calloni – Jornalismo Especializado, 2022/2

Afrodite não é e nunca foi resultado de uma mente apenas.”

Sobreviver no mercado jornalístico com uma revista impressa é cada vez mais um mérito de poucos profissionais. Simoni Schiavo, jornalista formada da primeira turma de Jornalismo da Universidade de Caxias do Sul (UCS), no ano de 1995, é editora da Revista Afrodite, que traz matérias sobre as principais tendências e novidades do universo feminino, como saúde, moda, beleza, cultura, turismo, sexualidade, esoterismo, dinheiro, carreira, gastronomia, espiritualidade, comportamento e qualidade de vida em Caxias e região, além de apresentar mulheres que se destacam na vida profissional e pessoal.

Sua carreira na área se iniciou em março de 1996, na redação do jornal Pioneiro. Sete anos depois, abriu uma empresa de assessoria de imprensa, no mesmo momento em que idealizou a revista Sala de Arquitetos. Atualmente, além de dirigir a Afrodite, é integrante do Conselho da Empresária da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Caxias do Sul (CIC). É sobre os desafios e transformações da profissão que Simoni responde as questões a seguir:

Quais as maiores dificuldades que você encontra em trabalhar com impresso, uma vez que cada vez mais as mídias digitais estão crescendo e tomando conta do mercado?

A maior dificuldade é o custo. O impresso está se transformando em artigo de luxo pelo alto valor agregado. Em função das características da revista, que aborda conteúdos atemporais e destaca empresas e pessoas locais, e também pelo público que atinge, as mídias digitais não interferem de forma negativa, muito pelo contrário, são aliadas importantes para que a revista física tenha ampla divulgação. Afrodite também está nas plataformas digitais, já estava antes da pandemia de covid-19, mas de forma bastante tímida. Em 2020, a alternativa, em função da estagnação do mercado, foi torná-la apenas digital, e o plano era mantê-la assim. Em 2021, retomando os parceiros (anunciantes), quase 100% deles queriam a versão impressa novamente. Por isso, desde o ano passado Afrodite voltou a ser impressa, mantendo também a versão on-line. Talvez chegue o dia em que o impresso tenha um custo tão exorbitante que impeça sua publicação ou que as novas gerações abram mão do papel, mas no presente, essa ainda não é a realidade.

Qual a importância do domínio de outros idiomas para o jornalista?

Acredito que o predomínio deva ser sempre da língua mãe, mas num mundo globalizado, dominar outros idiomas, especialmente o inglês, atualmente, se tornou vital. É a língua mais falada no mundo (seguida de perto pelo mandarim). As tecnologias são desenvolvidas todas em inglês e, o mais importante, a função do profissional da comunicação exige que ele amplie seu conhecimento e, a maioria esmagadora de tudo que foi produzido até hoje, foi traduzido para o inglês, assim como os sites de notícias e grandes empresas de comunicação usam o inglês. Mesmo China e Rússia, por exemplo, mantêm empresas de comunicação na língua inglesa. Por fim, se o jornalista brasileiro quiser galgar postos mais altos, um segundo, terceiro ou quarto idioma são fundamentais.

Você notou muitas mudanças em relação ao ensino do Jornalismo de quando você iniciou para os dias atuais?

Complicado fazer essa análise. Não tenho um contato tão direto com os novos jornalistas e não conheço o novo currículo do curso, mas, obviamente, o estudo do mundo digital parece ser a principal mudança. Talvez uma outra característica seja o texto cada vez mais coloquial hoje e uma tendência de o jornalista deixar subentendida uma opinião numa matéria, o que não existia há 30 anos. Talvez!

Como editora da Revista Afrodite, um espaço voltado para o universo feminino, quais são as principais habilidades que você teve que desenvolver para realizar seu trabalho da melhor forma possível?

A principal habilidade foi buscar profissionais competentes e engajados para a produção da revista. Afrodite não é e nunca foi resultado de uma mente apenas. Desde o início foi desenhada com o conhecimento, experiência e vivências de muitas pessoas. Dar abertura para que todos os envolvidos pudessem contribuir, ouvir e avaliar as sugestões faz a publicação diversificada e interessante aos leitores. É claro que também houve necessidade de aprender como comercializar o produto, administrar uma revista e outras questões técnicas, como o uso do próprio mundo digital, que fazem parte do caminho.

Como você se sente sendo uma formanda da primeira turma de Jornalismo da Universidade de Caxias do Sul?

É um orgulho! Cursava Letras na UCS quando soube que Jornalismo seria implementado dali a dois anos. Terminei o Básico (matérias exigidas para todos os cursos) em Letras e tranquei a matrícula. Esperei um ano e fiz vestibular para Jornalismo (como era novo, não era permitido trocar de curso). Foi uma decisão gratificante e sinto que essa primeira turma teve a importante função de balizar todo o curso dali pra frente, mostrando o que precisava mudar e o que devia permanecer, assim como cada nova turma desde então. Começamos o curso em 60 pessoas e, quatro anos depois, oito se formavam. É uma alegria integrar a primeira turma de Jornalismo da UCS.

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