Quem circula pelo espaço no Parque Municipal Albino Antônio Ruaro encontra frutas e verduras frescas, produtos coloniais e artesanato
Por Luana Fongaro Pereira
Quem resiste a um pastel de feira e um pão quentinho, assado na hora, no forno de barro? Ou, então, a frutas frescas, recém colhidas do pomar? Isso e muito mais pode ser encontrado na Feira da Terra, novo espaço para venda de produtos agrícolas produzidos em São Marcos.
A feira, que ocorre sempre aos sábados, das 7h ao meio-dia, no Parque Municipal Albino Antônio Ruaro, ao lado do Centro de Eventos Alexandre Zaniol, conta com seis bancadas para os agricultores, dois fornos e duas pias. O espaço visa proporcionar melhores condições para os agricultores venderem seus produtos e incentivar a compra de alimentos produzidos no município — trata-se de um ponto de comercialização direta -, além de impulsionar a convivência comunitária e a gastronomia local. Quem circula pelo espaço coberto, disponibilizado gratuitamente pelo município, encontra frutas, verduras, temperos, pães, massas, biscoitos, bolos, ovos, geléias, cogumelos, sucos e vinhos. E não para por aí: também há plantas ornamentais, mudas e flores, além de artesanato rural.
“Desde 1978, existe o Decreto da Feira Livre, e desde essa época, a feira acontece na cidade, porém, por ser itinerante, não possuía local fixo apropriado para isso. Por ocorrer em locais improvisados e totalmente sem estrutura, dificultava bastante o trabalho dos agricultores. A demanda surgiu em função da impossibilidade de comercialização na Praça Central, devido à regulamentação do Código de Conduta do Município, fazendo com que a Administração Pública Municipal tivesse que dar as condições de abrir a feira em outro local”, explica Inês Pilatti, extensionista rural/social do Escritório Municipal da Emater/RS.
Além disso, Inês reforça que os produtores precisavam de um espaço de comercialização estruturado: “Foram vários os pedidos para que de fato tivéssemos um local de fácil acesso a todos, bem no centro da cidade. A partir disso, a Prefeitura começou a pensar em um lugar estruturado, e conseguiu. É um passo muito importante para o município e para os produtores, pois se torna um local definitivo para a feira, que foi revitalizada.”
O contato direto com os consumidores elimina a necessidade de intermediários, permitindo que a renda chegue diretamente ao produtor. Os preços se tornam mais acessíveis, com vantagens para o consumidor e fortalece a economia local, já que o dinheiro permanece no município.
Todo mundo sai ganhando com a feirinha, de acordo com Inês. O produtor, que agrega valor aos seus produtos e tem um incremento de renda, bem como o consumidor, que tem a opção de escolher uma diversidade de produtos agroindustrializados e in natura, frescos e locais.
Entre os expositores, estão Tânia Luci Rossi Soldera e Vera Lúcia Rossi Guzzon, irmãs que trabalham com artesanato e agricultura familiar. Elas estão envolvidas com o artesanato desde a infância, influenciadas pelo trabalho de seus pais, que sempre se dedicaram à confecção de cestas, produtos feitos com vime e empalhamento de garrafões de vinho. Atualmente, elas perpetuam a tradição da família, comercializando na feira de São Marcos vassouras de palha, guirlanda de vime, chapéu e bolsas de palha, quadros decorativos, entre outros. Além disso, oferecem também frutas e verduras.
“O lugar possibilita mostrar mais os nossos trabalhos. Os alimentos, que antes vendíamos especialmente em mercados em São Marcos, agora planejamos concentrar mais na feira. Para os agricultores, é fantástico ter um espaço para vender os produtos, foi muito bem pensado.” — ressalta Tânia.

Umas das novidades da feira é a Banca da Terra, que comercializa produtos exclusivamente orgânicos e é composta por seis agricultores parceiros, a banca conta com produtos certificados, que vão desde frutas e verduras até mudas, flores e cogumelos.
O alimento orgânico tem origem no sistema orgânico de produção, que são regidos por uma legislação nacional. Ou seja, para ser caracterizado como orgânico é necessário estar de acordo com a Lei nº 10.831 e possuir certificação. Os orgânicos são diferenciados e possuem valor agregado, pois demandam mais do que os convencionais, além de burocracia com a documentação. São mais difíceis de produzir pois, além do trabalho para a certificação, abrange maior participação e envolvimento financeiro.
Para representar a Banca da Terra, Carla Suliani, agricultora familiar ecologista que trabalha na Comunidade Santana, destaca a importância destes produtos e de sua visibilidade. A agricultora representa a Suliani Alimentos Orgânicos, que possui certificação participativa pela Ecovida há mais de 10 anos. “Nosso maior mercado acaba sendo fora do Estado e do município. Com a feira, a gente percebeu a oportunidade de oferecer na cidade e comunicar o orgânico para a população passar a consumir. A cada época, vamos oferecer na feira o que está em safra”, explica a expositora
O coletivo rural é uma organização de produtores, composto por dois jornalistas aposentados, Gilberto Blume e Roberto Nielsen, que levam os produtos de diversas famílias de orgânicos para comercializar na Feira da Terra.

“A iniciativa é muito boa, muitas pessoas não sabem que tem orgânicos em São Marcos nem onde encontrar. Nós, produtores, por termos o trabalho da lavoura, não conseguimos oferecer diretamente para as pessoas. A organização com os rapazes que vendem para nós na feira auxilia bastante e estamos bem otimistas com esse novo canal de vendas”, destaca Carla.
A feira ocorre em um amplo espaço ao ar livre, com as bancas cobertas para proteger os agricultores, que acordam cedo para oferecer produtos fresquinhos aos clientes. O cheiro de pão quentinho é uma das marcas registradas do espaço.

As frutas e verduras levam cor ao ambiente e são o destaque: laranjas suculentas, alfaces formosas e morangos frescos atraem os olhares. Alguns passos adiante, há uma banca com artesanato local, com objetos úteis para levar para casa. As mesas estão repletas de peças únicas: vassouras feitas de palha, cestas trançadas e enfeites produzidos à mão.
Além disso, o som das conversas e risadas dos feirantes com o público complementam o ambiente. O clima é animado, com movimento e interação entre os comerciantes e visitantes. O que se vê é uma celebração de sabores e tradições, proporcionando uma experiência acolhedora para todos.
“Nossa expectativa é de que, até o final de 2024, as vendas melhorem muito. Com a feira mais diversificada e uma oferta maior de produtos, acreditamos que terá um fluxo maior de visitantes. A Feira da Terra é e será sempre um ponto de encontro, pois acreditamos que aqueles que a visitam uma vez retornam toda semana”, sintetiza Inês.
Fato é que a feira de São Marcos não é somente um lugar de compra e venda, é também um espaço de troca, aprendizado e valorização do trabalho dos agricultores. Cada compra é uma forma de apoiar a economia local e a comunidade, em busca de hábitos sustentáveis e colaborativos.









Fotos: Luana Fongaro