Pesquisa de Fiorenza Carnielli recebeu o prêmio Abrapcorp 2022 de Teses e analisa a comunicação institucional das empresas envolvidas nas tragédias de Brumadinho e Mariana em Minas Gerais
Fiorenza Zandonade Carnielli, professora dos cursos de Comunicação da UCS, conquistou o primeiro lugar no Prêmio Abrapcorp de Teses 2022 (Associação Brasileira de Pesquisadores de Comunicação Organizacional e de Relações Públicas). O resultado foi divulgado no dia 25 de maio durante a abertura do XVI Congresso do evento.
A professora, que é jornalista e relações públicas, desenvolveu sua tese de doutorado com o tema “Comunicação Pública e Comunicação Cínica na trama acontecimental das tragédias de Mariana e Brumadinho”. A pesquisa foi realizada junto ao Programa de Pós-graduação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), com o apoio do Núcleo de Comunicação Pública e Política (Nucop), do qual Carnielli faz parte desde 2014. O Nucop é coordenado pela professora Maria Helena Weber, orientadora da tese de Fiorenza Carnielli.
A tese, desenvolvida durante cinco anos e meio e prestigiada com ato de louvor, faz a análise da comunicação empreendida pelas organizações Samarco, Fundação Renova e Vale durante as tragédias que aconteceram em Minas Gerais nas cidades de Mariana e Brumadinho. A pesquisa ocorreu através de documentos relacionados aos acontecimentos, principalmente 14 relatórios de atividades das mineradoras dos anos de 2015 a 2020.
Ao começar o doutorado, Fiorenza Carnielli possuía outra tema para sua tese. Contudo, após o rompimento da barragem de Fundão em Mariana, no dia cinco de novembro de 2015, tocada pelos acontecimentos, a professora mudou o foco da pesquisa. A escolha foi reforçada pela repetição dos eventos em Brumadinho em janeiro de 2019.
Com as tragédias, Carnielli passou a questionar o papel do comunicador frente a elas. Logo, o conceito principal de problematização foi a comunicação pública, isto é, aquela que tem interesse público. Partindo desse preceito, a professora traz a comunicação cínica, ideia central da hipótese da tese.
A professora evidencia a responsabilidade que as organizações, apesar de serem privadas, têm com a comunicação pública, já que a população tem diversas expectativas de comportamento ético e justo das mesmas, uma vez que suas atividades têm influência no meio comunitário.
Carnielli analisa, então, que a comunicação das organizações perante os eventos de Mariana e Brumadinho apresenta-se de maneira paradoxal como cínica justapondo-se à comunicação pública. Segundo ela, a comunicação cínica utiliza-se de uma série de distorções na estrutura da comunicação pública, alterando o entendimento compartilhado da racionalidade. Com isso, surge o que a pesquisadora chama de “comunicação sistematicamente distorcida”.
Se você se interessou sobre o tema, a tese desenvolvida pela professora Fiorenza Carnielli está disponível na íntegra no Repositório Digital da UFRGS.
