Relato de um voluntário da vacina de Oxford: o que o jornalista Luiz Artur Ferraretto vivenciou sendo o “Paciente 13” do estudo.

A pandemia da Covid-19, em seu período pré-vacina, dotou de enorme incerteza e medo, não apenas de quando um imunizante estaria disponível para consumo civil mas também se o mesmo seria confiável e certamente eficaz contra a infecção e sintomas. Para quem gostaria de saber como foi o processo da descoberta e do aperfeiçoamento da vacina visto de perto, está acontecendo o lançamento do e-book pela editora Insular, escrito por Luiz Artur Ferraretto, de título “Paciente 13 – Testando a vacina contra a covid-19 (ou a ciência vencendo o medo)”.

Como escrito na apresentação do livro-diário pelo autor:

“Não nego. 2020 foi o ano em que todos parecemos enlouquecer um pouco. Um pouco mais. Um pouco menos. Quando ouvi o número, soube que algo estava errado. Comigo provavelmente. Brinquei com a técnica de enfermagem. “Logo 13.” Ela riu, respondendo: “Ah, eu gosto!”. Para, em seguida, ficar séria e atalhar: “Sem relação com o partido”. Nesse louco e dividido mundo de 2020, o número 13 talvez ainda signifique alguma esperança para alguém. Ver o mundo a distância durante seis meses deixa você cético. Seis meses e uns dias, com breves saídas até o máximo a esquina. Claro que, quando eu terminar de escrever e você de ler, serão muitos meses mais.

Sobre o número 13 vou muito mais pela ironia de associá-lo ao azar. Ou… A sorte. É esse o jogo que decidi disputar sem lá muita convicção e, é preciso confessar, informação. Meu Deus, se eu soubesse o que era a tal de Síndrome de Guillain-Barré… Mas isso fica pra depois. A vacina, o placebo ou a vida? Risos. De fato, o número – o meu código de inclusão na Oxford Vaccine Trial – é 03050013. Para os íntimos, portanto, apenas 13. Treze, talvez com o mesmo significado dos tempos de repórter, aquela identificação usada não lembro se pela Polícia Civil, pela Brigada Militar – a briosa PM gaúcha – ou por ambas para identificação, em suas trocas de mensagens por radiocomunicação, de um tipo específico de sujeito: aquele que não estava no controle total de suas faculdades mentais. O louco.

Esta, portanto, é a história de um 13, do voluntário de código 13 – ou 03050013 – dentro do Estudo controlado randomizado de fase III para determinar a segurança, eficácia e imunogenicidade da vacina ChAdOx1nCoV-19 não replicante, a pesquisa realizada pela AstraZeneca e a Oxford University, de Oxford, no Reino Unido, com o apoio, no Brasil, entre outras instituições de pesquisa, do Hospital de Clínicas de Porto Alegre. O 13 sou eu. De 1º de outubro de 2020 até um dia que não imagino bem qual será no momento quando começo a escrever, vai aqui o relato do que sinto, penso – tenho dúvidas se penso – e do que vejo nesta pequena aventura. Poderia dizer que é tudo em nome da ciência. Não se engane. Não é bem assim. Nem sei como será. Sei que não estou brilhando no escuro, não me injetaram um marcador de código genético e nem caí da Terra ao chegar em uma de suas bordas planas. Não se trata totalmente de um relato jornalístico, mas pessoal. Não é necessariamente, portanto, fiel à ordem dos fatos, mas à minha impressão a respeito deles. Pode pender, assim, mais para uma leitura pessoal do acontecido. Fiz o alerta. Siga em frente por sua própria conta. O risco é todo meu. E dos outros voluntários.”

Uma leitura interessante que vale à pena conferir, disponível como e-book para kindle por um preço super acessível AQUI.

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